quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Vários Artistas, "2 Years Aniversary Compilation" (Beatwise, 2015).


























A música eletrônica no Brasil carece de produtores e gravadoras dedicadas ao estilo. Temos um monte de DJs, porém os discos que esses DJs tocam são quase todos importados. Se é que tocam discos, pois hoje em dia a maioria toca mesmo é arquivo mp3. Nunca tivemos uma cultura de música eletrônica nacional. Nunca tivemos uma gravadora que lançasse em vinil (ou mesmo em CD/K7) singles de artistas nacionais. O que temos é quase nada.

É fácil entender a razão. Primeiro que para produzir música eletrônica no Brasil, até bem pouco tempo atrás, era necessário equipamentos caríssimos. Esses equipamentos tinham preços proibitivos, devido aos altos custos de importação. Logo, ninguém importava. Você vai numa loja de equipamento musical e só encontra guitarra, baixo, bateria, mas um sintetizador ou teclado modernoso, quase ninguém vende.

Hoje em dia, com o avanço dos softwares musicais, é fácil conseguir emular esses equipamentos num computador. Logo, fica mais fácil para os brasileiros começarem a produzir música eletrônica. Há dois anos surgiu o selo Beatwise em São Paulo. É um selo especializado em música eletrônica que lança discos virtuais. Em comemoração aos dois anos, o selo lança agora em vinil uma compilação com os artistas que já lançaram discos virtuais pelo selo.

O vinil contém oito faixas inéditas de Abud, Bento, CESRV, Cybass, MJP, Sants, Sono TWS e Soul One. São artistas que frequentemente tocam em festas do coletivo Metanol em São Paulo. O que predomina no disco todo é uma música eletrônica influenciada pelo dubstep e batidas do hip hop. Apesar de ser uma compilação, o disco todo flui muito bem do começo ao fim sem grandes destaques, mas também sem grandes tropeços. 

Você pode adquirir a compilação da Beatwise na Locomotiva Discos, clicando aqui.


terça-feira, 29 de setembro de 2015

Cadáver em Transe, “s/t” 7" (Nada Nada, 2015).

























O show de lançamento desse compacto aconteceu no dia 12/09/15 na Passagem Subterrânea da Consolação, aquela que fica em frente ao cinema Belas Artes em São Paulo. Qualquer banda que lance algo numa passagem subterrânea já merece uma conferida. No caso do Cadáver em Transe, o que temos é uma excelente banda paulista influenciada pelo lado mais sinistro do pós-punk oitentista.

Esse já é o segundo lançamento da banda. Antes teve o LP homônimo lançado ano passado. É empolgante notar que a banda está ainda mais barulhenta e sombria do que antes. As quatro faixas do compacto misturam a guitarra distorcida com notas sujas geradas por um sintetizador, além dos vocais em português declamando palavras de ordem e um baixo que segura o ritmo com fortes graves. Seria gótico, caso a banda não insistisse num groove que é inegavelmente oriundo do punk rock.

























Essa é a graça do Cadáver em Transe. A banda une o pós-punk oitentista de bandas como Bauhaus e junta com o punk rock do Cólera. Vale a pena conferir! Esse compacto é limitado em 100 cópias numeradas e a capa é feita com papel vegetal, fora os encartes em papel colorido (como uma belíssima foto da banda), é a Nada Nada Discos caprichando mais uma vez na apresentação dos discos que lança. 


Você pode adquirir o compacto do Cadáver em Transe na Locomotiva Discos, clicando aqui.




segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Auto, "Crossfire" LP (Submarino, 2014).


























A data na contracapa do LP indica 2014, mas esse vinil só teve distribuição iniciada em 2015. É o ano que marca a volta do Auto ao adorado e maravilhoso objeto físico: o disco. Lançado ainda no mais desejado formato de todos: o disco de vinil. Antes disso, o Auto lançou, no fim dos anos 90, três cassetes com gravações de estúdio e registros ao vivo, além de ter participado de algumas coletâneas em CD. 

Formada em São Paulo por integrantes do Objeto Amarelo, Bugio e Dub Cavera, o Auto é um dos grandes expoentes da música experimental da cidade. Influenciadas por bandas da no wave como DNA, Swans e Suicide, além de instituições sonoras como The Ex e Sonic Youth, o Auto, apesar dessas influências, segue um caminho torto e repetitivo bastante único e singular.

Esse álbum é composto de cinco canções, cujo maior destaque é “Feast” e seus quase 10 minutos de minimalismo dissonante sinistro. Mas destacar somente uma música é uma injustiça, pois  é tudo muito bom. Esse é um dos melhores discos lançados por uma banda brasileira em tempos recentes. Altamente recomendado!





Você pode adquirir “Crossfire” do Auto na Locomotiva Discos, clicando aqui.  


 

domingo, 27 de setembro de 2015

Vincent Floyd, “Moonlight Fantasy” LP (Rush Hour, 2014).


























Na primeira metade dos anos 90, Vincent Floyd lançou seis singles 12” e marcou pontos na cena deep house da época. Originário de Chicago, cidade de mestres da house music como Larry Heard e Frankie Knuckles, o músico só esteve na ativa durante esse curto período de tempo nos anos 90. A gravadora holandesa Rush Hour descobriu que Vincent Floyd tem várias músicas inéditas gravadoras nessa época. “Moonlight Fantasy” é o resultado dessa descoberta.





Composto de seis faixas gravadas no início dos anos 90, todas seguindo a linha deep house clássica da época, o mini-álbum conquista qualquer fã de música dançante, porém com andamento lento e suave, uma atmosfera elegante e sempre bastante melódica, fazendo uso de teclados diversos para criar um clima agradável e aconchegante. Mais um acerto da Rush Hour, gravadora que lança o que de melhor existe na música eletrônica hoje em dia, nem que para isso precise escavar pérolas do passado.  

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sábado, 26 de setembro de 2015

The Rainyard, “A Thousand Days” LP (Pretty Olivia Records, 2014).

























Em 1995 a hoje lendária gravadora norte-americana Slumberland Records lançou a compilação “Just a Taste – A Summershine Records Compilation” com 18 faixas pinceladas de singles lançadas pela gravadora australiana Summershine no início dos anos 90. Uma compilação excelente, cheia de hinos guitar pop de bandas como Tender Engines, The Earthmen, Autohaze, The Sugargliders, The Rainyard, entre outras. Essa última, com duas faixas, era uma das mais legais do CD. 




Corta para 2014 e uma gravadora espanhola chamada Pretty Olivia Records lança um vinil com 14 faixas do Rainyard, a mesma banda daquela compilação lançada quase 20 anos atrás pela Slumberland. Numa investigação sobre a banda no site Discogs, vemos que The Rainyard lançou apenas um single 7” em 90 com 3 faixas pela Summershine e um outro CD-EP com 6 faixas em 92 pela House Of Wax Records. Esse LP surge agora com todo material lançado pela banda, além de canções inéditas e um encarte em forma de fanzine que conta a história da banda.




Esse vinil, intitulado “A Thousand Days”, é sem dúvida o melhor relançamento indiepop de 2014. Limitado em 300 cópias numeradas a mão, já está esgotado no mundo inteiro, menos na Locomotiva Discos, aonde ainda pode ser encontrado por um preço camarada. The Rainyard toca guitar pop energético com toques jingle-jangle altamente melódico e certamente vai agradar fãs do primeiro disco do Pains of Being Pure At Heart, Sneaky Feelings, The Bats, Teenage Fanclub entre outras bandas do estilo.

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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Rick Wilhite, "Vibes New & Rare Music 2 Part One" 2xLP (Rush Hour, 2014).



























Pelas notícias que chegam ao Brasil, a cidade de Detroit, nos Estados Unidos, é pura decadência industrial, bastante violenta, a miséria batendo na porta, levando a um êxodo massivo de antigos moradores que saem a procura de um lugar melhor para viver. Mesmo assim, ou talvez por isso, desde os anos 80, a cidade é conhecida por ter criado e por fornecer o melhor techno do mundo.  Nomes como Jeff Mills, Robert Hood, Juan Atkins, Carl Craig, dentre outros, produzem o que é conhecido como Detroit Techno.

Esse tipo de música eletrônica é marcado por climas sombrios e futuristas, agressividade, batidas repetitivas, melancolia e um tímido groove oriundo da soul music. Diferente da animada house music de Chicago, que nutre similaridades, afinal é tudo música eletrônica feita para dançar, porém o Chicago House é mais festivo e alegre. Aí temos Rick Wilhite, que nessa compilação tenta mostrar que Detroit não é somente techno, mas também house. Mais especificamente, deep house.




Rick Wilhite é proprietário da loja de discos Vibes, localizada em Detroit. A loja só vende música eletrônica há vários anos. Obviamente ele é um cara que conhece muito esse estilo de música. É também um cara que cruza com várias canções brilhantes, mas que nunca são lançadas. Durante alguns anos Rick Wilhite guardou várias dessas canções e lançou tudo na compilação “Vibes New & Rare Music”, que foi lançada em 2014 pela gravadora holandesa Rush Hour em CD e vinil.

Nem pense em querer ouvir todo potencial desse tipo de música em CD ou mp3: ela soa bem melhor em vinil, ainda mais do jeito em que foi lançada, em quatro LPs divididos em dois volumes. Temos uma ou duas faixas por lado, sulcos bastante espaçados, sonoridade matadora. Rick Wilhite não selecionou somente faixas de sua cidade Detroit, mas também de Chicago e Nova Iorque. Também não selecionou somente deep house, mas também temos minimal techno, electro e pura e simplesmente house.

Essa é a melhor compilação lançada em 2014. Principalmente o primeiro volume, que contém sete faixas, uma melhor que a outra. Todas feitas primordialmente para pistas de dança, mas também podendo ser ouvidas no conforto do lar de modo bastante prazeroso. Faixas exclusivas, lançadas somente nessa compilação, o que faz dela um item obrigatório para quem curte música eletrônica em geral. Rick Wilhite, proprietário da loja de discos Vibes, mandou muito bem. Altamente recomendada!



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quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Maskavo Roots, "S/T" LP (Assustado/Dom Pedro, 1995/2015).


























O revival Banguela segue a toda. Ano passado já havíamos sido presenteados com o relançamento do primeiro álbum do Mundo Livre S/A em vinil pela Assustado Discos. No festival de documentários musicais In-Edit desse ano um dos grandes destaques foi a estreia de “Sem Dentes: Banguela Records e a Turma de 94”, dirigido por Ricardo Alexandre. Agora a própria Assustado, em parceria com a Dom Pedro Discos, relança em vinil a estreia do Maskavo Roots.

Esse álbum foi originalmente lançado em 1995 nos formatos CD, LP e K7. Em 2002 foi relançado em CD na série Arquivos Warner. Mesmo assim é difícil encontrá-lo hoje em dia em qualquer formato, apesar de sempre lembrado como um dos melhores discos dos anos 90. Vai ver justamente por isso o disco sempre some das prateleiras. Não é um disco de sucesso, logo não são prensados milhares de cópias. As poucas existentes no mercado são bastante disputadas pelos apreciadores do bom som.





Essa reedição, em vinil verde-água, é limitada em 500 cópias. Daqui a pouco some e se torna raridade. Num mundo justo, esse disco seria tão famoso quanto qualquer um do Skank. Mas como injustiça é o que mais temos por aí, poucos sortudos terão o prazer de se deliciar com o pop mergulhado em reggae do Maskavo Roots. Seja um deles.

Você pode adquirir o LP do Maskavo Roots da Locomotiva Discos, clicando aqui.